Preocupado com as taxas de avaliação, com sua popularidade, e, ao mesmo tempo, de olho nas eleições municipais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou aos ministros que redobrem as viagens pelo país neste ano para inaugurar obras, divulgar as políticas públicas e defender o governo.
Nas cidades onde desembarcarem, o presidente também orientou os auxiliares a concederem entrevistas para os veículos de imprensa locais, com prioridade para as emissoras de rádio.
Desconfiado de que os auxiliares não se dedicaram devidamente à defesa de sua administração, o presidente encomendou um levantamento sobre os Estados mais visitados pelos ministros no ano passado.
Coube ao ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta (PT), coordenar a pesquisa, e apresentar os resultados no dia 20 de dezembro, na última reunião ministerial do ano. O levantamento revelou que as viagens se concentraram, principalmente, na região Sudeste.
Um dos ministros que acompanharam a apresentação de Pimenta naquele dia relatou que a maioria expressiva das viagens dos ministros teve como destino o Estado de São Paulo, principalmente, a capital. Em seguida, vem o Rio de Janeiro.
Soma de todas as visitas de ministros aos nove Estados do Nordeste ainda é menor que o total de viagens de seus auxiliares a São Paulo
Segundo o mesmo ministro, Lula demonstrou irritação com um dado: a soma de todas as visitas de ministros aos nove Estados do Nordeste ainda é menor que o total de viagens dos auxiliares a São Paulo.
A justificativa seria que a cidade é a capital econômica do país, sendo palco de reuniões com empresários, investidores, e de inúmeros congressos e demais eventos para os quais ministros de todas as áreas são convidados.
Além disso, é domicílio eleitoral de diversos ministros, como o vice-presidente e titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), Geraldo Alckmin (PSB), Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Márcio França (Empreendedorismo), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
Nos bastidores, alguns ministros admitiram o desconforto do presidente com os índices de avaliação do governo que ainda não subiram, apesar da queda da inflação, da taxa de desemprego, de outros dados positivos da economia, e do relançamento de políticas públicas caras aos brasileiros de baixa renda, como o Bolsa Família, a Farmácia Popular, e a retomada do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) para as famílias com renda mensal de até dois salários mínimos.
De acordo com pesquisa Datafolha divulgada no início de dezembro, a avaliação do governo ficou estável de setembro a dezembro: 38% dos entrevistados classificam o governo como ótimo ou bom, e 30% como regular. Os percentuais eram os mesmos em setembro. E 30% consideram a administração Lula ruim ou péssima – eram 31%. Uma parcela de 2% não opinou (eram 2%).
Em comparação aos mandatos anteriores do petista, no mesmo intervalo de setembro a dezembro, os atuais índices de avaliação são piores, segundo o mesmo Datafolha. Em dezembro de 2003, 42% aprovavam o governo do petista e 15% o reprovavam. Em novembro de 2007, 50% o aprovavam e 14% o consideravam ruim ou péssimo.
Para tentar turbinar a avaliação do governo, Lula pediu aos ministros que percorram o país, e deem atenção a todas as regiões. Um dos que fizeram o dever de casa presidencial foi o chefe da Casa Civil, Rui Costa, que percorreu pelo menos 12 Estados para divulgar o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Na maioria das agendas, Costa foi acompanhado de ministros da área de infraestrutura, como Renan Filho (Transportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). Os lançamentos do Novo PAC em São Paulo e Minas Gerais foram adiados no ano passado porque Lula quer participar dos eventos, já que os dois Estados são os maiores colégios eleitorais.
Na reunião ministerial, Lula deu o exemplo de ministros que chegam aos locais das agendas na véspera para conceder entrevistas aos veículos de mídia regionais enaltecendo o governo, como Renan Filho. Até pela natureza da pasta, que tem obras em rodovias e ferrovias em todo o país, o emedebista visitou 14 Estados das cinco regiões, de acordo com a assessoria do ministério, e anunciou obras em capitais e cidades do interior.
No Nordeste, esteve em Feira de Santana, Paulo Afonso, Cocos e Luiz Eduardo Magalhães, todos na Bahia; Recife (PE), Aracaju (SE), Teresina (PI) e Maceió (Alagoas), seu domicílio eleitoral. Também foi a São Paulo e Rio de Janeiro.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), visitou 21 Estados em 60 dias, promovendo as plenárias do Plano Plurianual Participativo (PPA 2024-2027). Na maioria das agendas, foi acompanhada do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo.
Cobrado para reaproximar o agronegócio de Lula, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, percorreu 10 Estados de quatro regiões, visitando feiras agropecuárias e divulgando o Plano Safra. Em Mato Grosso, seu domicílio eleitoral e principal produtor de grãos do país, visitou 10 municípios, seguido do Paraná, onde esteve em 9 cidades. Não foi a nenhum Estado do Norte.
Titular do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o ministro Paulo Teixeira visitou 22 Estados: faltaram Rondônia, Roraima, Tocantins, Sergipe e Alagoas
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