O esvaziado ato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com centrais sindicais, que reuniu apenas 2 mil pessoas em São Paulo em pleno 1º de Maio, provocou não apenas um mal-estar generalizado entre petistas como aumentou a pressão interna por mudanças no primeiro escalão no governo.
Depois de tomar bronca do próprio Lula, que disse que o ato foi “mal convocado”, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo entrou na mira de ataques de diversas alas do PT, especialmente da bancada do partido na Câmara dos Deputados.
O evento reuniu cerca de 1.635 pessoas, segundo o grupo de pesquisa “Monitor do debate político”, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto.
Para os petistas, a avaliação é a de que Macêdo não poderia ter exposto Lula ao constrangimento do evento do Dia do Trabalhador sem povo, principalmente em um momento político em que o presidente da República enfrenta queda de popularidade e dificuldades na relação com o Parlamento.
“Ficamos mal na foto. Se fosse um regime parlamentarista, Lula já teria dissolvido o gabinete”, provoca um aliado do chefe do Executivo.
Na estrutura do governo, espera-se que a Secretaria-Geral desempenhe papel-chave na interlocução da administração lulista com os movimentos sociais, um dos pilares de sustentação popular do governo.
O próprio presidente vem cobrando constantemente o ministro, que promoveu dois atos no Palácio do Planalto com movimentos sociais no último mês.
No roteiro ideal traçado por parlamentares petistas, Macedo seria ejetado do Planalto e remanejado para a Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do PT, ou alguma estatal, enquanto o atual prefeito de Araraquara (SP) e ex-coordenador da campanha de Lula, Edinho Silva, assumiria a Secom de Lula, cargo que já ocupou durante o tumultuado governo Dilma Rousseff.
Até aqui, porém, o clamor dos petistas não tem reverberado em Lula. De acordo com auxiliares do presidente no Planalto, a pressão por uma reforma ministerial é maior no Congresso do que na Esplanada dos Ministérios, e o presidente não fará nenhuma mudança brusca até as eleições municipais.
Macedo estaria protegido por essa estratégia, pelo menos por enquanto. Mas, pelo discurso dos petistas com quem a equipe da coluna conversou, as críticas e ataques ao trabalho dele não devem parar e nem arrefecer tão cedo
Por Malu Gaspar/O Globo
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