O Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul abriu uma notícia de fato para apurar a declaração de um padre que relacionou a tragédia climática vivenciada pelo Rio Grande do Sul à "falta de fé, bruxaria e satanismo".
A denúncia foi feita pelo deputado federal Leonel Guterres Radde (PT-RS), que apontou intolerância religiosa na fala do religioso. O MPF vai investigar a suspeita de "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".
A declaração foi feita durante uma missa pelo padre Paulo Santos, da paróquia São Vicente de Paulo. “Eu farei um alerta a todos nós. O Rio Grande do Sul há muito tempo abraçou a bruxaria e o satanismo. Há muito tempo o meu povo tem se afastado de Deus. Deus não precisa mandar sofrimento para a nossa vida porque ele não faz isso, mas nós mesmo às vezes buscamos, na fragilidade humana, coisas ruins para nós”, disse o religioso, em 8 de maio, ao lado da bandeira do estado gaúcho
“É um povo que não está só fragilizado precisando de água e de comida. Isso sem dúvida é muito importante, mas agora eles estão precisando também de força espiritual, porque perderam a pouca que tinha. O secularismo chegou no Rio Grande do Sul, o estado mais ateu da federação. Existem mais centros de macumba na cidade de Porto Alegre do que o estado da Bahia inteiro", emendou o padre.
Após a autuação da notícia de fato, tem início a contagem do prazo de 30 dias, prorrogável por até 90 dias, para que o MPF possa colher informações preliminares e então delibere sobre a instauração de eventuais procedimentos.
O deputado Leonel afirmou que o padre propagou discurso de ódio durante a missa. "Não bastasse todo o esforço e a dedicação que estamos colocando pra resgatar vidas e reconstruir o Rio Grande do Sul, ainda temos que desprender tempo e energia desmentindo fake news e combatendo intolerantes que propagam a mentira e o ódio em meio a maior tragédia que o nosso estado já foi acometido", disse o parlamentar.
O Correio tenta contato com a paróquia São Vicente de Paulo para pedir um posicionamento, mas até a publicação desta matéria o jornal não obteve retorno. O espaço segue aberto para eventual manifestação.
Correio Braziliense Foto reproduçao redes sociais
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