Após se afastar do PT em 2014, o PSB trabalha para se fortalecer como opção a vice numa eventual chapa de Lula em 2022. Parte da estratégia da sigla para conseguir esse resultado é filiar nomes de peso, como o governador do Maranhão, Flávio Dino, que saiu do PCdoB, e os deputados Marcelo Freixo, ex-Psol, e Tabata Amaral, ex-PDT. Outras jogadas da legenda são pregar soluções à esquerda alinhadas ao avanço tecnológico do século 21, o chamado ?socialismo criativo? e dar autonomia para seus quadros formarem alianças locais com centro e centro-direita nas próximas eleições.
Entre as opções que eventualmente são ventiladas no PSB para o posto de vice de Lula está, inclusive, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara.
Além de serem nomes de apelo de voto, os novos ?socialistas? também trazem seus seguidores ao PSB. Tabata, a última a se filiar, arrastou um grupo de lideranças femininas como Duda Alcântara, ex-presidente municipal da Rede Sustentabilidade em São Paulo.
?No momento, nossa pretensão (para 2022) é modesta. Mas, pelo tamanho que o PSB tem, pela sua capacidade de renovação, qualquer que seja o candidato (à Presidência) que ele apoie, o PSB deveria ter a condição de vice. Se apoiarmos o Lula, defendemos, sim, um vice?, diz o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Apesar do otimismo de Siqueira, o PT ainda não deu nenhum sinal concreto de que aceitará a indicação de um candidato a vice-presidente do PSB.
O cálculo de Siqueira é que no próximo ano o partido consiga aumentar ligeiramente sua base na Câmara, dos atuais 31 deputados para ?pouco menos de 40?. Na eleição para governadores, o partido vai se concentrar em cinco estados: Pernambuco e Espírito Santo, onde a sigla já governa, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Não há fortes pretensões para o Senado, mas Siqueira diz negociar a filiação com dois senadores.
FORA DA RIXA
Da esquerda ao centro, a leitura dos novos quadros é que o espaço ocupado pelo PSB, fora da rixa entre PT e PDT, tem maior capacidade de diálogo para além da esquerda ? aspecto que, julgam eles, será fundamental para montar uma aliança capaz de tirar Jair Bolsonaro do poder.
Freixo, que deixou o PSOL após ver naufragarem seus planos de formar uma frente ampla para disputar o governo do Rio de Janeiro no ano que vem, diz que o PSB poderá dar a ele essas condições de furar a bolha da esquerda. ?É um partido que vai poder dialogar com amplos setores, progressistas, mas também de centro, para um projeto de governabilidade que retire do Rio o domínio das máfias?, diz ele.
Outro cálculo que os novos quadros fazem é que o PSB oferece possibilidade de atuação dentro da esquerda sem o ônus do antipetismo, sentimento que, avaliam alguns, deve ter alguma força no eleitorado em 2022.
Um dos motivos para explicar por que Siqueira não espera um crescimento significativo de sua bancada federal é que parte dos deputados atualmente filiados à sigla deve se desfiliar na próxima janela partidária por falta de alinhamento ideológico.
O racha na bancada ficou mais claro em agosto, na votação do projeto de lei que instituiria o voto impresso nas eleições. Apesar de serem oposição ao governo, 11 dos 31 pessebistas desobedeceram a orientação partidária e votaram a favor do projeto que é obsessão de Bolsonaro.
Seis desses parlamentares já haviam sido processados por votarem a favor da reforma da Previdência em 2019, também contra orientação do partido
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