A queda de ofertas de carros novos no Brasil fez os usados valorizarem mais de 20%. E como o IPVA é calculado com base no valor do veículo, não tem jeito: vai ficar bem mais caro em 2022.
A confeiteira Juliana Roberta Feitosa da Silva e o marido queriam um carro zero e não tinham pressa. Se planejaram e fizeram um consórcio. Mas, em 2020, os planos mudaram assim que souberam que teriam um filho.
“Decidimos cancelar o consórcio e comprar um usado para emergência mesmo”, relembra Juliana.
O carro já estava licenciado e com seguro pago. Em 2021, o carro ficou mais caro. O susto começou na renovação do seguro.
“Foi até um susto. Porque normalmente baixa o valor”, diz a confeiteira.
E quem é dono de carro é bom preparar o bolso para gastar mais com o pagamento do IPVA em janeiro. Com problemas na produção dos carros novos, muita gente comprou o usado e o preço disparou. Ou seja, ele se valorizou em vez de se desvalorizar. Aí, como o cálculo do imposto é feito sobre o valor atual do veículo, a conta do IPVA também vai ficar mais cara.
Para saber quanto você vai pagar de IPVA, consulte o valor do seu carro na tabela Fipe. Depois multiplique pela alíquota que seu estado cobra. Ela varia conforme a região: a alíquota mais alta é de 4%, cobrada em São Paulo e Rio de Janeiro. A mais baixa 2% – cobrada no Acre, Tocantins, Espírito Santo e Santa Catarina.
Considerando o carro usado do mesmo modelo que o da Juliana, em 2020 ele valia R$ 24.523. Em 2021, subiu para R$ 30.511. O IPVA acompanhou. No começo deste ano, o valor do imposto era de R$ 980. Agora em janeiro vai para R$ 1.220, um aumento de R$ 239.
O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alberto Ajzental, diz que, em média, o preço dos usados subiu 22% e o IPVA em 2022 vai acompanhar esse aumento na mesma proporção.
“O que a gente está acostumado é que você tirou o carro da concessionária e, ano após ano, ele perde o valor. Isso é natural. O que não é natural é você imaginar que os usados fiquem mais caros contando 12 meses”, destaca Ajzental.
Pagar à vista vale a pena, claro. Mas nem todo mundo vai conseguir. Juliana se planejou.
“No ano passado que a gente comprou foi tudo inesperado, nós parcelamos. Este ano, a gente guardou uma parcela do 13º para conseguir pagar essa dívida do comecinho do ano para gente não se enforcar”, conclui
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