Monitor de Secas, da Agência Nacional das Águas (ANA), aponta crescimento de seca grave e extrema nos últimos dois anos nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Segundo especialistas, escassez de chuvas pelo terceiro ano seguido também prolonga impactos.

Os efeitos da estiagem se agravaram em oito estados brasileiros.

Na fazenda do produtor rural Rogério Berwanger, o milho nunca esteve tão seco nessa época do ano.

“Nossa média aqui é entre 80 e 120 milímetros. Esse ano, aqui na Fazenda Itapiranga, onde a gente faz a leitura, nós praticamente estamos com só garoa; chuva nenhuma, praticamente, desde o dia 25 de março. A planta para, começa a definhar. Vai indo para trás até que – nós estamos vendo aqui já – vai para o chão. Infelizmente, é a natureza, a gente não consegue controlar isso aí”, desabafa.

Nos cálculos do agricultor, a falta d’água deve causar queda na produção de até 60%. “Nós viemos do ano passado já com uma média bem abaixo do ano 2020. E talvez, mais um ano, novamente, bem aquém da produtividade programada, da expectativa que nós teríamos para essa colheita de 2022”, afirma.

A propriedade rural fica em Juscimeira, um dos 17 municípios de Mato Grosso sem chuvas há mais de 20 dias. A estiagem, que afeta a produção de milho na região, também chegou mais cedo em outros estados do Brasil, que já estão com seca extrema.

“No caso específico dessas regiões, são impactos de longo prazo, o que mostra que os dois últimos anos, os períodos chuvosos anteriores, não foram muito bons. Então, houve um acúmulo de déficit, fazendo com que essas regiões continuem apresentando uma seca severa mesmo após um período chuvoso”, explica Alessandra Daibert Cury, coordenadora de Articulação para a Gestão de Eventos Críticos da ANA.

A meteorologia explica que o cenário é resultado de fenômenos climáticos naturais que reduzem as chuvas.

“Temos o fenômeno La Niña, inclusive um fenômeno persistente já há dois anos; agora estamos caminhando para o terceiro ano de resfriamento do Oceano Pacífico. Além disso, o Oceano Pacífico evapora menos, e tudo isso acaba sendo distribuído, através dos ventos, para todo o globo. Isso muda o padrão de chuva e temperatura em vários pontos do globo terrestre”, afirma o meteorologista Celso Oliveira.

Segundo os especialistas, a escassez de chuvas pelo terceiro ano seguido também prolonga impactos.

“O fenômeno da seca vai se instalando aos poucos e isso também, para regredir, acontece de forma paulatina. Então, esses impactos não vão se regredir no curto prazo, principalmente porque nessa região está se iniciando o período seco agora”, retoma Alessandra.

“Se a chuva não colaborar, infelizmente, o produtor não consegue tirar do campo o tão almejado grão, que é a fonte de renda do produtor”, lamenta o produtor rural Rogério