A partir deste sábado (07), os postos de gasolina só podem exibir valores com duas casas decimais (R$ 7,10, por exemplo), e não mais com três casas (R$ 7,109), como era o padrão. A mudança foi definida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) em novembro para facilitar o entendimento do consumidor, com um prazo para adaptação.
Ao contrário do que muitos motoristas gostariam, os postos não são obrigados a arredondar o preço para baixo. O estabelecimento precisa eliminar ou zerar a terceira casa decimal, mas pode definir o preço do combustível livremente.
Os postos devem exibir os preços com apenas duas casas decimais no painel em destaque na entrada do estabelecimento. Caso a bomba ainda tenha o padrão com três casas decimais, a última deve estar zerada durante todo o abastecimento, de forma que o preço permaneça idêntico ao anunciado no painel de entrada. A ANP autorizou os postos a travar a última casa decimal nas bombas, para evitar a necessidade de troca dos equipamentos.
Entenda o que muda na prática
A obrigação de manter um painel visível na entrada do posto continua. A diferença é que esse painel não pode mais conter preços com três casas decimais, como era o padrão antigo.
A ANP autorizou os postos a travarem a última casa decimal nas bombas, para evitar a necessidade de troca dos equipamentos. O motorista deve conferir se o terceiro dígito exibe o número zero e ele não deve girar quando o carro estiver sendo abastecido.
Sim. Todos os combustíveis automotivos vendidos nos postos devem ter apenas preços com duas casas decimais –gasolina, álcool (etanol hidratado), diesel e GNV (Gás Natural Veicular).
Sim. O preço final fica a critério de cada posto. Não existe lei que proíba o posto de arredondar o preço para cima –por exemplo, transformar R$ 7,109 em R$ 7,11.
Não. Segundo a ANP, o único objetivo é deixar o preço do combustível mais preciso e claro para o consumidor, alinhado com o padrão da moeda brasileira.
Sim. Se o posto arredondar o preço para cima, o consumidor acaba arcando com a diferença. Este é o motivo pelo qual o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) critica a mudança. Por outro lado, a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) defende a alteração. “Acreditamos que o referido ajuste é bem vindo por proporcionar mais clareza e facilitar a tomada de decisão no momento de compra, além de não representar impactos significativos sobre as despesas com combustíveis”, afirmou em nota.
Carros populares têm tanques com capacidade de 50 litros, aproximadamente. Um arredondamento de R$ 0,001 para cima custa R$ 0,05 (cinco centavos) ao encher o tanque. Se o proprietário encher o tanque uma vez por semana, o impacto em um ano seria de R$ 2,60. No caso do arredondamento para baixo, quando a terceira casa decimal era 9 (por exemplo, de R$ 7,109 para R$ 7,10), o consumidor economizaria R$ 0,45 a cada tanque, totalizando R$ 23,40 em um ano.
José Alberto Gouveia, presidente Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), defende que a tendência é que os postos simplesmente cortem a terceira casa decimal, que costuma ser 9. Ou seja, o litro dos combustíveis ficaria R$ 0,009 mais barato, com o posto absorvendo este custo. Se isso de fato acontecer, um posto com venda mensal de 300 mil litros perderia R$ 2.700 por mês com o arredondamento para baixo.
A principal reclamação dos representantes dos postos de combustível é que a medida vale apenas para o varejo. A Petrobras, as importadoras e as distribuidoras continuam vendendo combustíveis com três ou mais casas decimais. Rodrigo Zingales, diretor-executivo da AbriLivre, associação que representa revendedores de combustíveis em todo o Brasil, afirma que falta isonomia dentro do setor. “Por que essas regulamentações são sempre focadas para o posto, e nunca para distribuidoras e Petrobras?”, questiona. A reportagem procurou o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), que representa grandes distribuidoras, e a Brasilcom (Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis), mas elas não quiseram se pronunciar sobre o assunto.
A mudança foi anunciada pela ANP em novembro, com o objetivo de deixar o preço do combustível mais claro para o consumidor. A portaria da ANP trouxe ainda outras mudanças no mercado de combustíveis, como a autorização para o delivery de gasolina e etanol e a venda direta de etanol das usinas para os postos. As medidas foram apoiadas pelo governo alegando que poderiam ajudar a conter a escalada de preços, mas criticadas pelo setor de combustíveis, alegando riscos à segurança do consumidor, no primeiro caso, e de fraudes tributárias, no segundo
Folhapress
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