A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta terça-feira (28), uma nota pedindo que se sejam usados, na celebração de missas em todo o país, apenas "vinhos de proveniência sobre as quais não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção".
O pedido é feito uma semana depois que mais de 200 trabalhadores em condições análogas à escravidão foram resgatados em uma vinícola em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
Para os católicos, durante a missa o vinho representa o sangue de Jesus Cristo. Chamado de vinho santo, ele é preparado com base nas regras do Código de Direito Canônico, que dizem que o vinho precisa vir do fruto da uva, natural e sem adição de produtos químicos.
"Qualquer tipo de trabalho em condições que ferem o respeito pela dignidade humana não pode ser aprovado", diz CNBB em documento.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil afirma ainda que "todas as denúncias devem ser investigadas nos termos da lei" (leia a íntegra abaixo). A nota é assinada por Dom Joel Portella Amado, Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), e Secretário-Geral da CNBB.
Com sede em Brasília, a CNBB é a instituição permanente que congrega os bispos da Igreja Católica no país.
O CASO-Mais de 200 trabalhadores foram resgatados de um alojamento em Bento Gonçalves, na Serra do Rio Grande do Sul, onde eram submetidos a "condições degradantes" e trabalho análogo à escravidão durante a colheita da uva.
Eles foram contratados por uma empresa que oferecia a mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton, além de produtores rurais da região. O alojamento ficava no Bairro Borgo, a cerca de 15 km dos vinhedos do município.
O administrador da empresa chegou a ser preso pela polícia, mas pagou fiança e foi solto. As vinícolas que faziam uso da mão de obra análoga à escravidão devem ser responsabilizadas, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Leia íntegra da nota da CNBB
"A Igreja tem a responsabilidade de zelar pelo tipo de vinho utilizado nas celebrações das missas. A CNBB, por meio da Comissão Episcopal para a Liturgia, promoveu encontros com cerca de 15 vinícolas a respeito das caraterísticas de tal vinho.
Qualquer tipo de trabalho em condições que ferem o respeito pela dignidade humana não pode ser aprovado. Todas as denúncias devem ser investigadas nos termos da lei.
No Brasil existem diversas vinícolas que oferecem vinho canônico. Desse modo, é recomendável que se busquem, para a celebração da missa, vinhos de proveniência sobre as quais não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção"
Redação redegn Foto redes sociais
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