Uma pesquisa do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e a Embrapa Algodão poderá trazer de volta ao estado o status conquistado na década de 70, quando Pernambuco figurava como um grande produtor de algodão no país. Por meio de um convênio de cooperação técnica, o IPA e a Embrapa iniciaram o plantio experimental de cultivares do algodão (branco e colorido), com o objetivo de pesquisar e avaliar o comportamento das cultivares nas diferentes regiões do estado. E também identificar as áreas mais propícias para o cultivo, tendo como referência a produtividade e os custos envolvidos.
Na última segunda-feira, os pesquisadores implantaram a primeira Unidade de Referência Tecnológica (URT) na estação experimental do IPA, no Sertão do Araripe, em uma área de aproximadamente dois mil metros quadrados. Outras unidades serão instaladas nas estações de Serra Talhada, no final deste mês, e mais uma em Caruaru, na primeira quinzena de abril.
De acordo com o diretor presidente do IPA, Joaquim Neto, o contrato de cooperação técnica com a Embrapa foi firmado no segundo semestre de 2023. “Agora, demos o primeiro passo para retomar a produção do algodão em Pernambuco. Uma ação que poderá influenciar na melhoria da oferta de matéria prima para o setor têxtil e criar mais uma alternativa de renda para os agricultores familiares”, destacou o gestor.
O Polo de Confecções do Agreste, um dos maiores do país, movimenta em torno de R$ 5 bilhões na economia do estado. A retomada do plantio de algodão poderá impulsionar a produção de matéria prima (fios, tecidos, etc) para o setor, otimizando custos logísticos como frete e impostos.
“A volta da cultura passa necessariamente pela adoção de práticas e tecnologias modernas e sustentáveis de cultivo que favoreçam melhores índices de rentabilidade. Ação que pode gerar um impacto significativo nas esferas social e econômica para os agricultores familiares do estado”, afirmou Jaime Cavalcanti, pesquisador da área de melhoramento genético de algodoeiro da Embrapa Algodão.
Para Jaime Cavalcanti, as áreas mais propícias são as de tipografia mais planas, que possibilitam a mecanização do cultivo, sobretudo a colheita. O ciclo de colheita do algodoeiro ocorre uma vez por ano, que pode ser cultivado em sistema de rotação de culturas, como por exemplo: o milho, a mandioca e o milheto, contribuindo para ampliar a estabilidade da produção.
Algodão em Pernambuco
Na década de 70, Pernambuco chegou a ter cerca de 108 mil hectares cultivados de algodão. Conhecido, naquela época, como “o ouro branco pernambucano”, em função de sua importância econômico e social para a região Agreste Setentrional. O IPA mantinha nas estações experimentais de Itambé e Serra Talhada, campos de pesquisas voltados exclusivamente para o estudo com dois tipos de algodão: Herbáceo e Mocó.
A cultura entrou em declínio na década de 80, com o surgimento da chamada praga do bicudo, que destruiu grande parte da plantação no Estado. Esse cenário ocasionou a falência de dezenas de unidades de beneficiamento e fábricas de tecidos que se alicerçaram em todo o estado mediante a pujança que a cultura apresentava.
Hoje, o Brasil se destaca como o maior exportador de algodão do mundo, com Mato Grosso liderando a produção nacional. No Nordeste, os estados da Bahia, Piauí e Maranhão concentram a maior parte da produção, enquanto Pernambuco possui, atualmente, uma produção pouco expressiva.
Em termo de produtividade, o algodão rende de 2 a 6 toneladas (algodão em rama, ou seja, com pluma e caroço) por hectare, sendo em torno de 40% desses valores quando se trata apenas de pluma (fibra do algodão). Diversos produtos derivados do algodão são aproveitados: a pluma destinada à indústria têxtil; a semente na produção de torta para alimentação animal; o óleo no uso doméstico e o biodiesel na indústria
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