Os estados de Pernambuco e Paraíba recebem, entre os dias 28 de outubro e 8 de novembro, um intercâmbio internacional focado em soluções climáticas no Semiárido brasileiro. Neste período, 11 representantes de El Salvador, Guatemala e Colômbia estarão nos estados para trocar experiências sobre práticas de adaptação climática e justiça ambiental entre diferentes países latino-americanos.
Os visitantes vão desembarcar no aeroporto do Recife para conhecerem comunidades rurais no interior do estado. No Sertão do Pajeú, conhecerão sistemas de produção conectados às feiras agroecológicas.
Na região do Agreste, as tecnologias sociais de convivência com o Semiárido serão conferidas de perto, como as cisternas, os sistemas de reuso de águas cinzas, entre outras.
O grupo também fará uma vivência junto ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) para compreender o processo de luta pela terra dos campesinos no Brasil. Em seguida, visitarão o Polo da Borborema, na Paraíba, para vivenciar outras iniciativas que promovem o empoderamento econômico de agricultores, a exemplo do Fundo Rotativo Solidário.
As experiências observadas no intercâmbio servirão de referência tanto para representantes do Brasil quanto de outros países. Cada prática identificada será discutida em detalhes, visando eliminar dúvidas e gerar informações que possam ser replicadas nas regiões de origem dos participantes
A proposta do intercâmbio é destacar o Semiárido brasileiro como um exemplo global de resiliência. Carlos Magno Morais, coordenador de mobilização social do Centro Sabiá e representante da Plataforma Semiáridos América Latina no Brasil, reforça que “as comunidades do Semiárido, que historicamente enfrentam secas extremas, acumulam um conhecimento valioso que pode ser compartilhado com outros biomas ao redor do mundo. Este intercâmbio reforça a importância de colocar o Semiárido no centro das discussões climáticas globais”.
Morais também ressalta que ‘a justiça climática deve ser uma prioridade’. As populações do Semiárido contribuíram pouco para as emissões de carbono, mas estão entre as mais afetadas pelas mudanças climáticas. O intercâmbio permite troca de experiências e busca por soluções que diminuam os impactos do homem na natureza.
Estudos mostram que a região semiárida do Brasil possui múltiplas vulnerabilidades em termos sociais, ambientais, econômicos e institucionais. Além disso, possui suas fragilidades físicas e naturais, características da região, como as secas históricas, a baixa disponibilidade hídrica e o avanço dos processos de desertificação,
O evento é organizado pelo Centro Sabiá e pela Plataforma Semiáridos América Latina, com o apoio de Terre des Hommes Schweiz, em parceria com a AS-PTA e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)