Arriscado a não renovar seu mandato caso opte por permanecer no MDB em meio à regra que deve valer para a eleição de 2022, o deputado federal Raul Henry já admite, nos bastidores, deixar o partido em que militou durante quase toda sua vida pública e se filiar no PSB. Uma vez no ninho socialista, o ex-vice-governador, muito querido por Eduardo Campos e amigo pessoal de Paulo Câmara, pode ser beneficiado pela estrondosa votação que deve ter o engenheiro Pedro Campos, filho do meio de Eduardo e Renata, e irmão do prefeito João Campos, do Recife.
O drama de Raul, salvo pela coligação em 2018, quando abriu mão da vice de Paulo para assegurar o lugar na chapa majoritária para o senador Jarbas Vasconcelos, é o mesmo que aflige vários figurões da política pernambucana; tema da Coluna Fala PE de ontem. O MDB não formou uma chapa para federal capaz de garantir os votos necessários para fazer pelo menos um federal, que seria Henry. Presidente estadual da sua legenda, Raul é um profissional da política; seu sustento vem exclusivamente da sua atividade parlamentar. Portanto, ele não pode se arriscar.
A situação que vive o emedebista de patente não é diferente da que vivem colegas deputados seus de outros partidos. Quadro experimentado, com uma atuação parlamentar destacada, sobretudo, na área da Educação, Raul Henry pode ser vítima de um sistema que privilegia o poder econômico em detrimento da identidade partidária e do legado do político em questão. O mesmo problema que custou tantos bons mandatos como, por exemplo, os de Roberto Magalhães e Joaquim Francisco, só para citar dois ex-governadores com carreiras vitoriosas.
Mas no caso de Raul Henry e do MDB, além dessa problemática que tem afastado os bons da política, há outra questão tão ou mais grave. Se aceitar mesmo trocar o MDB pelo PSB, deixando o posto de presidente emedebista em Pernambuco, ele pode estar entregando o galinheiro à raposa. Traduzindo: ao optar por deixar o MDB, mesmo que por um período curto de tempo, Henry pode entregar de bandeja o comando da sigla no estado ao senador Fernando Bezerra Coelho, seu ex-desafeto.
Dizem interlocutores que FBC está à espreita só esperando Raul deixar o MDB para tomar, via Brasília, o comando estadual da legenda e levá-la para o palanque do filho Miguel Coelho, prefeito de Petrolina, que filou-se recentemente ao DEM. Como o ex-PFL vai se fundir ao PSL formando o novo partido União Brasil, Miguel, certamente, será o candidato a governador dessa nova agremiação em Pernambuco.
Isolado na oposição já que as outras forças do bloco devem marchar com a prefeita Raquel Lyra (Caruaru), também pré-candidato ao governo, Miguel Coelho precisará de um lastro forte de apoio para enfrentar a pesada máquina eleitoral do PSB e a sua colega caruaruense. E nada melhor para o prefeito de Petrolina que ter em sua base o MDB, um dos maiores partidos do país, com fundo eleitoral e tempo de tv robustos.
Todo esse cenário, logicamente, vai pesar na decisão de Raul; e até na movimentação dos socialistas, que, em última instância, podem filiar candidatos no MDB para fazer cauda para Henry e impedir que ele entregue sua legenda de mão beijada para FBC e seu clã. O dado de realidade é que o relógio está correndo e a bomba chiando precisa ser administrada por um partido, o PSB, que sequer tem candidato a governador anunciado. Salve-se quem puder!
O povo quer saber: qual esforço que o senador Jarbas Vasconcelos fará para assegurar a Henry a reeleição e a manutenção do comando do MDB?
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