O caso ocorreu na quinta-feira (21), na Farmácia Avenida, no Centro de Nazaré da Mata, cidade que tem cerca de 32 mil habitantes e fica distante 70 quilômetros do Recife.
O nome e a imagem da vítima foram preservados, a pedido do advogado. A direção da farmácia informou, nesta sexta (22), os dois funcionários foram demitidos.
Agora, o caso está com o setor jurídico da empresa, que vai esperar o caso ser formalizado para se pronunciar.
O escritório de advocacia que está apoiando a vítima informou que não conseguiu registrar o boletim de ocorrência por causa de falha no sistema na Delegacia de Nazaré da Mata. O fato foi confirmado pela assessoria da Polícia Civil
O vídeo mostra o momento em que a vítima recebe o copo. O homem está sem sapatos e com roupas sujas. A máscara de proteção está pendurada no queixo. Ele apresenta sinais de embriaguez.
Na imagem, aparece a mão de um dos balconistas da farmácia segurando a garrafa. É possível observar o rótulo de álcool 70%.
O homem questiona se é álcool e recebe a resposta afirmativa. Em seguida, um balconista coloca um pouco do produto e manda o homem beber. O outro funcionário também incentiva.
A vítima pede um confeito, que como é chamado bombom em algumas localidades de Pernambuco. O vídeo mostra o homem colocando o copo em uma prateleira. Depois, ele ingere o líquido em um só gole.
Um dos balconistas ainda pergunta se o homem que outra ?dose? de álcool. A vítima diz que não e coloca o bombom na boca. O vídeo termina com os funcionários da farmácia dando gargalhadas.
O fato ganhou repercussão nas redes sociais a partir de da postagem do delegado Tiago Henrique, que se mostrou revoltado.
Mesmo de licença médica, ele se posicionou sobre o caso, pelo Instagram. ?É um vídeo estarrecedor. Esse senhor é alcoólatra, doente. É bem provável que essas pessoas sejam autuadas por constrangimento ilegal e por tentativa de lesão corporal?, afirmou.
O delegado entrou em contato com o advogado Mário Cesar Barbosa, que passou a acompanhar a vítima.
O defensor disse ao g1, por telefone, que a vítima é uma pessoa conhecida em Nazaré da Mata por circular pelas ruas pedindo dinheiro e bebidas.
?Ele tem casa e mora com um irmão. Já foi casado. Todo mundo sabe quem é gosta dele. Por isso, houve essa revolta na cidade. Ele esteve aqui e ficou preocupado com o que poderia acontecer com as pessoas que fizeram isso com ele ?, afirmou Márcio César.
O advogado disse, ainda, que o homem que ingeriu o álcool tem poucas condições financeiras e vive em uma situação de vulnerabilidade de saúde.
?Esse é o problema. A farmácia tinha o dever de cuidar. Os balconistas não só deram o álcool a ele como também incentivaram a ingestão e postaram nas redes sociais?, disse.
Diante dos fatos, o defensor estuda a forma de cobrar à farmácia a reparação de danos ao homem que foi induzido a tomar o álcool 70%.
?Temos que pensar na esfera cível. Podemos ter um caso de uso irregular da imagem e injúria, por causa da exposição pública. Sem falar na questão de saúde?, afirmou.
Mário César disse também que vai formalizar a denúncia na segunda-feira (25) de manhã. ?Nosso escritório fica ao lado da delegacia. Estão com problema para registrar o boletim de ocorrência?.
Questionado pelo g1, o Conselho Regional de Farmácia (CRF-PE) informou que a entidade fiscaliza a atuação dos profissionais farmacêuticos e a situação legal dos estabelecimentos.
Diante de um fato como o que ocorreu em Nazaré da Mata, o conselho informou eu pode atuar a partir da formalização de denúncia, pela internet.
A ingestão de álcool a 70% pode provocar danos ao organismo. Além do alto teor alcoólico, o produto vendido em farmácias pode conter substâncias nocivas.
Gastroenterologista do Hospital das Clínicas (HC,) o médico Severino Santos afirmou que a ingestão de um produto como esse pode causar danos a vários órgãos. O principal impacto apontado por ele é no fígado.
"Pode ter dano hepático grave. A pessoa vai ter dificuldade para metabolizar essa substância com grande teor alcoólico", comentou.
Além disso, existe o problema da mistura de álcool vendido em farmácia a outras substâncias. "O álcool pode ser associado a outros produtos que não podem ser ingeridos", afirmou
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