Uma estudante de 16 anos está processando o Governo de Pernambuco, a Secretaria de Educação do Estado e a empresa Griffe Viagens e Turismo por danos morais. O pedido de R$ 100 mil de indenização foi motivado por conta do tratamento recebido pela estudante durante o intercâmbio do programa Ganhe o Mundo, realizado no início de 2019, nos Estados Unidos.
De acordo com a ação de reparação de danos morais, protocolada no dia 11/06/2019, a jovem, que é cadeirante, teve problemas com a família que a recebeu desde o início do programa. A casa onde a jovem foi designada para morar, sequer era adaptada para receber uma adolescente com necessidades especiais, mesmo a empresa Griffe Viagens tendo recebido o laudo que apontava as limitações da adolescente antes mesmo da viagem.
O processo também denuncia situações de humilhação sofridas pela adolescente, que vão desde a falta de dinheiro para necessidades básicas na escola até a falta de assistência médica que deveria ser minimamente promovida pela “host mother”, (mãe anfitriã). “Dos 30 dias que passou no intercâmbio, que deveria ser de 6 meses, a garota só frequentou a escola por 8 dias, ou seja, durante esse mês viveu verdadeiras situações de caráter vexatório, humilhação e que revelaram verdadeira negligência e omissão por parte dos organizadores do Programa”, detalha a denúncia.
Para a defesa da garota, “a família não estava preparada para receber jovens, o fazia tão somente porque dependia do dinheiro, mais um indício de negligência e impudência na pesquisa e escolha das famílias, se é que existe qualquer parâmetro para tanto”.
A denúncia se agrava a partir do momento em que a garota ficou doente. Segundo ela, além de não prestar assistência, a família ainda teria desencorajado a adolescente a procurar atendimento médico. “Muito fraca, ardendo em febre e de cama, não recebeu qualquer atenção ou auxílio por parte da host mother, nada foi oferecido, remédio, suco ou qualquer comida, ainda recebeu reclamações por não ter limpado a sala de estar”.
Porem, além de não ter prestado a assistência necessária, a dona da agência Griffe Viagens, Cristianne Hopkins, ainda teria mentido para a família no Brasil sobre a situação da garota no hospital. “A dona da agência Griffe, ligou contando que Letícia estava desesperada e que o hospital não a estava deixando sair por comportamentos suicidas, sendo que a jovem já havia sido liberada e falado com a mãe”.
O processo conta com prints de conversas no celular, não só da jovem como também de outros estudantes que passaram pelo intercâmbio. A garota decidiu voltar pra casa sem concluir o programa, o que transformou o sonho da experiência internacional em um verdadeiro pesadelo.
Além da indenização por danos morais, a defesa da garota pede ainda que a família americana envolvida no caso seja excluída do Programa Ganhe o Mundo, para que outros jovens não passem pela mesma situação, e que a empresa Griffe Viagens seja punida por irresponsabilidade na escolha dos anfitriões.
O processo de número 0035056-96.2019.8.17.2001 tramita na 4ª Vara da Fazenda Pública da Capital. (Blog do Magno Martins)
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