A profissional de enfermagem conhecida como Audenice do Mandacaru falou pela primeira vez sobre as doses adultas aplicadas em crianças no município de Afogados da Ingazeira.
Conforme explodiu na sexta, 41 crianças da Escola Monteiro Lobato e Padre Carlos Cottart receberam as doses de vacina diferente do esquema proposto pelo Ministério da Saúde.
Eram doses para adultos. Audenice falou em uma rede social pela primeira vez sobre o episódio. O blog teve acesso ao áudio. Diante do debate em um grupo de WhattsApp conhecido como Acorda Afogados, com críticas à sua atuação e algumas defesas de sua história na saúde, Audenice falou.
“Fui eu a responsável pelas vacinas do Monteiro e do Padre Carlos. Foram 42 crianças. Eu vacinei vinte no Monteiro e vinte e duas no Padre Carlos. Quero dizer que tenho minhas culpas, não vou fugir das minhas culpas. Pelo contrário, estou aqui para assumir, para pedir perdão a todas essas mães, esses pais. Não tive má intenção. Quem me conhece sabe do meu profissionalismo, da minha responsabilidade. Vocês não sabem o quanto isso está me doendo”.
E segue: “tenho que assumir meus erros. A gente passa por algumas coisas na vida que não sei se são fatalidades ou não. Quem me conhece sabe do meu zelo. Infelizmente estou passando por isso, mas um pouco tranquila porque diante de quarenta crianças, apenas uma foi hospitalizada por estar com febre alta e graças a Deus, quando cheguei quinta no plantão, ela estava saindo, estava bem”.
Ela diz ainda que de maneira nenhuma está fugindo da sua responsabilidade. “Sei que vou pagar um preço muito alto por ter falhado”.
Ela sugere que uma segunda pessoa errou ao distribuir as vacinas para aplicação. “Confiei e peguei uma medicação como a vacina, só pegar e obedecer ordem e cumprir meu trabalho sem ter olhado, sem ter me preocupado em analisar e ver, em olhar com mais detalhes”.
E desabafa: “infelizmente nós da Enfermagem estamos muito sobrecarregados. Estamos trabalhando cansados, mentalmente e fisicamente. Chego no Mandacaru seis e meia, seis e quarenta. Quando saio de lá quatro horas da tarde e chego em casa só quero me deitar. Tem dia que nem janto, passo direto pra cama, vou dormir de tão cansada. É muita coisa, muita atribuição. Nesses dias tem vacina de tudo que é jeito e tipo, pra aplicar em domicílio, nos postos de saúde. Não estou me justificando. Tô dizendo que a gente tá numa batalha muito grande. Quando as ordens chegam é pra ontem e a gente tem que cumprir”.
Conclui emocionada: “que nada de mal aconteça a essas crianças pois nem eu vou me perdoar. Confio muito em Deus e sei que tudo vai dar certo e vai se resolver. Que Deus dê saúde a elas e tranquilidade aos pais”.
A Prefeitura de Afogados da Ingazeira informou que a profissional que aplicou as vacinas está suspensa de suas atividades até a conclusão do processo administrativo instaurado para investigar o ocorrido. “Informamos que a mesma poderá perder a função caso comprovada a imperícia”.
Mães na Rádio Pajeú: mães das crianças que tomaram a dose errada da vacina contra Covid-19 em 5 de abril estarão no programa Manhã Total, da Rádio Pajeú, a partir das 8h.
Elas solicitaram ser ouvidas depois da nota da Secretaria de Saúde à imprensa e da entrevista do Secretário Arthur Amorim ao programa Rádio Vivo, da Rádio Pajeú
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