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Entenda por que os parques de energia eólica estão piorando a vida das famílias de agricultores no Agreste de Pernambuco

Publicada em 12/05/2022 às 14:35h - 46 visualizações Blog PE Noticias

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Entenda por que os parques de energia eólica estão piorando a vida das famílias de agricultores no Agreste de Pernambuco

Imagine ouvir durante todo o dia um ruído que lembra o de um avião sobrevoando a sua casa em uma altura relativamente baixa. É essa a realidade dos moradores do Sítio Sobradinho, localizado no município de Caetés, no Agreste de Pernambuco. Desde 2015, após a instalação de um parque eólico da empresa Cubico Sustainable Investments na região, as famílias de pequenos agricultores tiveram suas rotinas alteradas e “perderam completamente o sossego”. O barulho constante, em volume alto, é só um dos problemas dos camponeses vizinhos das turbinas eólicas em forma de gigantescos cata-ventos.

 

“Depois da implantação desse parque foi muito sofrimento para os moradores daqui por causa do barulho que é demais, a poeira também. Quando foram implantar o parque, tiveram que explodir algumas pedras para colocar as torres eólicas e muitas casas ficaram rachadas, a minha foi uma delas e até hoje está assim. Procuramos os responsáveis, mas eles nunca resolveram o nosso problema”, conta Roselma de Melo, moradora do Sítio Sobradinho.

 

Com sua casa cercada pelos aerogeradores, que são responsáveis por captar o vento e converter em energia, Roselma teme que as estruturas desabem e causem um grave acidente. “Com o passar do tempo às torres estão se desgastando, ficando velhas, e por mais que façam manutenção, o risco delas caírem é alto, há pouco tempo a hélice de uma delas caiu bem atrás da minha casa”, recorda, entregando um vídeo com o registro da queda da hélice.

 

Roselma é uma das poucas pessoas que permanece no local, pois muitas famílias venderam seus terrenos e casas, mudando para outras regiões. Ela resiste e cobra dos responsáveis pelo parque eólico uma solução, pois já não há mais condições de continuar habitando o território onde vive há pelo menos 13 anos. “O que todo mundo agora está esperando é a indenização pra gente poder sair do canto da gente pra ir morar em outro lugar. Não temos outra escolha”, disse

 

A proximidade das torres eólicas da casa de Roselma, onde ela vive junto com o marido, seus dois filhos e seus sogros, é surpreendente e assustadora. Ao lado e atrás de sua propriedade os aerogeradores estão a apenas 150 metros. O barulho dos motores é ininterrupto e perturbador. Segundo ela, à noite, por volta das 22h, os ruídos ficam ainda mais altos. “A gente vive com medo, qualquer barulho a gente já pensa que são elas [torres] caindo por cima da casa, tem noite que a gente levanta com o barulho delas e já vimos algumas pegando fogo”, declarou a dona de casa.

 

“Depois da implantação muitos animais cismaram e fugiram daqui. Antes era comum, hoje em dia dificilmente a gente escuta o canto dos pássaros aqui, muitos dos animais que viviam por aqui a gente não vê mais, sumiram e eu acho que foi porque eles ficaram assustados com o barulho das torres”, completou Roselma.

 

De sítio para parque eólico

Devido ao barulho dos aerogeradores, problemas de saúde como insônia, ansiedade, depressão e perda da audição se tornaram comum entre os agricultores do Sítio Sobradinho. Para muitos, dormir agora só é possível com a ajuda de remédios. O caso de Edna Pereira, a situação é ainda mais grave. Logo após sobreviver a uma delicada cirurgia para a retirada de um tumor na cabeça, Edna precisou conviver com as mudanças causadas pela instalação do parque eólico em sua propriedade e em toda a vizinhança.

 

“Eu não consigo dormir e não tenho mais sossego, fico muito agitada. A cada vez que eu vou ao médico, ele aumenta a dose de minha medicação porque eu não consigo dormir e os remédios nem fazem mais efeito. O barulho dessas torres me prejudica muito, mas os médicos dizem que não podem fazer nada porque não é culpa deles que tenham instalado as torres”. Com o tempo, as coisas só pioraram. “Há poucos dias eu me assustei com um barulho nas torres, caí e bati com a cabeça no chão. Os médicos pediram para eu fazer uma ressonância, mas eu ainda não fiz porque não tenho condições de pagar e estou esperando”, completou Edna.

 

“Desesperançada da vida”, ela perdeu mais de 10 quilos. “Como é que eles [empresários] chegam aqui e botam essas coisas [aerogeradores] sem pedir permissão a ninguém? Antes aqui era Sítio Sobradinho e agora já não é mais, agora eles é que são os donos e não pode ser assim, nós temos nossos direitos. Eu não quero sair do meu lugar porque meu lugar era muito sossegado, um lugar para você viver a vida inteira e agora não tem mais como eu viver aqui. Como é que eles podem vir fazer isso e tirar a paz da gente? Eu não me conformo com isso não”, desabafou Edna Pereira.

 

Assim como Roselma e sua família, Edna espera que a empresa compre o seu terreno para que ela possa se mudar, enquanto não consegue, a dona de casa tem procurado refúgio na casa de sua filha, que mora um pouco mais distante dos limites do parque.

 

O incidente que alimentou o medo

Mencionado nos primeiros parágrafos dessa reportagem, o incidente da queda da hélice assustou os moradores do Sítio Sobradinho. Foi no final de 2021 quando uma das “pás” da torre que fica nos fundos do terreno de Roselma de Melo explodiu e caiu. A proximidade da torre levou pânico à família e aos vizinhos. “No dia que a hélice quebrou foi muito assustador. Era de manhã cedo, meus filhos estavam dormindo ainda quando, de repente, a gente ouviu a explosão, no lugar que ela caiu destruiu todas as plantas. Isso porque foi só um pedaço da hélice, se tivesse sido a torre toda tinha feito um estrago muito maior”, relatou Roselma

 

Portal MarcoZero

 

 




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