Em um processo que se arrasta há quase 25 anos, o projeto de implementação da Ferrovia Transnordestina tem passado por altos e baixos ao longo dos trâmites legais para que se possa, enfim, dar celeridade às obras para que o equipamento venha a ser concluído e entregue à população brasileira. Algumas grandes “viradas de chave”, no entanto, deverão contribuir para o andamento dos serviços, que promete integrar o sistema de transporte de cargas entre portos do Piauí, Ceará, Maranhão e Pernambuco.

Atualmente, a grande discussão em torno da obra se dá em âmbito estadual. Isso porque o projeto original, que previa a inclusão de Suape no traçado, foi alterado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, com isso, o estado acabou prejudicado com uma medida defendida pela bancada federal no Congresso Nacional como primordial para a retomada do desenvolvimento econômico de Pernambuco.

A pauta foi amplamente defendida nas eleições de 2022 tanto pelos candidatos ao Palácio do Campo das Princesas quanto pelos nomes que concorriam a vagas na Assembleia Legislativa (Alepe), Câmara dos Deputados e Senado Federal. Durante a semana, o assunto voltou à tona pelas mãos de dois representantes de Pernambuco no Congresso: o senador Humberto Costa (PT) e o deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos).

No Senado

Vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, o senador Humberto Costa esteve reunido com o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), para discutir ações para Pernambuco. A principal pauta foi a Transnordestina. De acordo com o petista, ao final do encontro, o ministro teria garantido que a pasta irá realizar novos estudos para assegurar que seja construído o trecho que inclui Suape no projeto, o que beneficiaria de forma direta a logística portuária e cargueira do estado.

O parlamentar também assegurou que o presidente Lula (PT) investirá R$ 21 bilhões neste primeiro momento para o setor de infraestrutura. “Deste montante, R$ 3,3 bilhões vão para as rodovias”, afirmou o petista. “É fundamental esse compromisso do ministério e do presidente em garantir a Transnordestina no seu eixo até Suape. Estudos estão sendo feitos para assegurar a viabilidade da obra. Além disso, o Governo Federal tem trabalhado para realizar uma série de ações para garantir a melhoria das estradas em Pernambuco”, finalizou.

O ministro Renan Filho ainda garantiu recursos para obras de duplicação de rodovias, como as BRs 104 e 423, que liga São Caetano a Garanhuns, no Agreste, e cujos trabalhos deverão começar até o fim do ano.

Na Câmara

Na última quarta-feira (12), foi a vez do deputado Silvio Costa Filho tocar no mesmo tema com o ministro dos Transportes. Em audiência pública realizada na Câmara Federal, o republicano cobrou prioridade do Governo Federal na construção do trecho da ferrovia e das duplicações das BRs 104, 232 e 423 em Pernambuco. “A Transnordestina é muito importante para nosso estado, para o escoamento da produção. É uma obra que vai ajudar muito no desenvolvimento do estado”, avaliou.

O ministro respondeu, dessa vez com números concretos, a cada um dos questionamentos.

“A Transnordestina recebeu um aditivo no final do ano passado tirando o trecho de Pernambuco da concessão. O presidente Lula quer que a gente dê uma alternativa para fazer o trecho de Pernambuco e nós estamos estudando tanto possibilidades privadas quanto investimento público. É uma obra importante de R$ 5 bilhões e a determinação do presidente é para levarmos adiante. A BR-423, na duplicação de São Caetano a Garanhuns, é uma demanda prioritária do presidente e vamos iniciar essa obra, orçada em R$ 500 milhões, ainda em 2023. A duplicação da BR-104 está em estudo, e a BR-232, na ligação do Recife até Arcoverde, em fase de confecção do projeto”, explicou Renan