Há 12 anos, entrava em operação no sertão de Pernambuco o segundo maior telescópio em tamanho do país. O Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (OASI), instalado no município de Itacuruba, é dedicado aos estudos das propriedades físicas dos pequenos corpos do Sistema Solar, com ênfase naqueles em órbitas próximas da Terra, considerados potencialmente perigosos para o planeta.
Segundo a pesquisadora Daniela Lazzaro, do Observatório Nacional, céu aberto, sem chuva ou nuvens, é fundamental para as observações astronômicas, e a cidade de Itacuruba atende a todos esses pré-requisitos. “A região do semiárido atende plenamente esses critérios. O OASI está localizado a sete quilômetros do centro de Itacuruba, no sertão Pernambucano, que é um pequeno município com menos de 10 mil habitantes e distante 300 quilômetros dos centros como Recife e Petrolina”, explicou.
Ela acrescentou que a dimensão do espelho do telescópio é o principal fator para a pesquisa científica que será realizada usando o equipamento. Ou seja, quanto maior o espelho, maior a capacidade de observar objetos menores ou mais distantes. Com um metro de tamanho, o OASI só perde para o telescópio do Laboratório Nacional de Astrofísica, sediado em Itajubá (MG), que tem espelho de um metro e meio.
O Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica é um importante centro de pesquisa da região Nordeste. A produção científica ultrapassa a marca de 125 artigos publicados nas principais revistas científicas internacionais. “Em 12 anos de operação, os dados obtidos no OASI já permitiram a formação de seis doutores e seis mestres, além da publicação de 20 artigos em revistas especializadas, cerca de 50 publicações técnicas e apresentação de cerca de 45 trabalhos em congressos internacionais”, afirmou Daniela Lazzaro. “Mais do que isso, o OASI tem participado de colaborações internacionais importantes como os projetos desenvolvidos pela União Europeia, o que aumenta a visibilidade da pesquisa realizada no ON e no país”, destacou.
Visitação
O Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica não é aberto ao público. Porém, existem duas janelas anuais para a visitação de escolas e de instituições da sociedade civil. A primeira é durante a semana de popularização da ciência do semiárido brasileiro, realizada em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e o Instituto Nacional do Semiárido (Insa) no mês de maio. O segundo período para visitação ocorre durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada em outubro.
“Nesses eventos, apresentamos os projetos e os resultados científicos, e explicamos as motivações científicas para a escolha do instrumental. Também aproveitamos a oportunidade para lançar campanhas para a preservação do céu noturno e valorização do sertão”, disse a pesquisadora.
Projeto IMPACTON
O OASI foi implantado pelo projeto IMPACTON (Iniciativa de Mapeamento e Pesquisa de Asteroides nas Cercanias da Terra do Observatório Nacional) com o objetivo de operar em solo brasileiro um telescópio dedicado ao estudo das propriedades físicas de pequenos corpos do Sistema Solar, particularmente asteroides que possuem órbitas próximas da Terra e são potencialmente perigosos para o nosso planeta
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