Considerado um modal de extrema importância para o desenvolvimento socioeconômico do Nordeste, a Ferrovia Transnordestina viveu nos últimos anos um impasse por conta do trecho de Salgueiro (PE), no Sertão Central, até Suape – o que causou atrasos em sua conclusão, comprometendo o potencial econômico de Pernambuco. Diante desse cenário, entidades empresariais arregimentadas pela Fiepe, Amcham e Grupo Atitude se reunirão, no auditório da Casa da Indústria, no próximo dia 17 de julho, às 9h, para reivindicar a retomada e conclusão das obras desse equipamento.
No total, mais de 20 entidades de representação da indústria, comércio, agricultura, tecnologia, serviços, autoridades governamentais e representantes da sociedade civil assinam o manifesto que solicita a inclusão do trecho de Salgueiro até Suape no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC III) e no Plano Plurianual (PPA) do governo federal. O documento deverá ser entregue a deputados federais, senadores e os ministros pernambucanos que estarão presentes no encontro.
“A conexão direta entre o interior do Estado e o Porto de Suape permitirá um fluxo mais rápido e eficiente de mercadorias, com menor dependência do transporte rodoviário. Isso resultará em uma maior capacidade de escoamento da produção, com redução dos custos logísticos, aumentando a competitividade das empresas e facilitando a comercialização dos produtos tanto no mercado interno quanto no mercado externo. Dessa forma, irá proporcionar a geração de emprego e renda para o desenvolvimento que Pernambuco precisa”, defende o presidente da FIEPE, Ricardo Essinger.
O projeto, que já possui um percentual considerável de avanço físico, necessita de investimentos adicionais para garantir a sua conclusão e pleno funcionamento. “Com a inclusão no PAC III, seria possível assegurar o aporte necessário para a retomada das obras e para a implementação de medidas que trouxessem a sua finalização no menor prazo possível. Além disso, a inclusão da Ferrovia Transnordestina no Plano Plurianual traria um caráter de continuidade e planejamento de longo prazo. O PPA é um instrumento essencial para direcionar as políticas públicas e investimentos de forma constante, garantindo a continuidade das ações ao longo dos anos”, destacou Roberto Abreu e Lima, diretor executivo do Grupo Atitude.
Para todo o setor produtivo pernambucano, a expectativa é de que a conclusão da obra acelere a melhoria do ambiente de negócios no Estado. “A presença de uma infraestrutura de transporte eficiente e integrada é um fator-chave para atrair investimentos para uma região. Com o trecho Salgueiro-Suape da Ferrovia Transnordestina em pleno funcionamento, Pernambuco se tornará um polo muito mais atrativo para investimentos. Empresas nacionais e internacionais poderão aproveitar os benefícios do transporte ferroviário para estabelecer suas operações no Estado”, ressalta o presidente do Conselho Regional da Amcham Recife, Paulo Sales.
Imbróglio
Embora tenha sido projetada para ser uma obra indutora do desenvolvimento para o Nordeste, a Transnordestina enfrenta problemas para se tornar realidade desde o seu anúncio, ainda no início dos anos 2000. Em sua concepção, deveria ser a solução integrada para o escoamento dos produtos da indústria mineral e do agronegócio como soja e milho do Piauí, e gesso de Pernambuco. Para tanto, seu traçado teria que chegar aos portos de Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE), e Suape, no Cabo de Santo Agostinho (PE).
No entanto, nas últimas décadas o projeto foi devolvido pela empresa que teve a concessão da União para implantá-lo, justamente no trecho pernambucano. Além disso, o governo federal suspendeu o repasse de verbas nos últimos anos. Com isso, órgãos como Tribunal de Contas da União (TCU) passaram a atuar no caso. Se a ferrovia já fosse uma realidade como há tanto se espera, os preços de diversos produtos seriam mais acessíveis, uma vez que o transporte rodoviário, como se sabe, é mais caro do que quando se utilizam trens como modal
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