Uma semana após confirmar que vai disputar o Governo de Pernambuco em 2022, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), endureceu o tom contra o pré-candidato do PSB, Danilo Cabral, e afirmou que o parlamentar está tentando vincular a própria imagem à do ex-presidente Lula (PT), ao mesmo tempo em que esconde sua relação próxima com o governador Paulo Câmara (PSB). O gestor, que se prepara para entregar o cargo no dia 2 de abril, falou sobre as próximas eleições e sua trajetória na política na tarde desta sexta-feira (18).

Apesar das críticas direcionadas a Danilo, Anderson, que já esteve na base do PSB, fez questão de deixar claro que a sua opinião a respeito da gestão socialista no Executivo estadual não se estende ao período em que o ex-governador Eduardo Campos esteve no poder. “Não se esconda atrás de Lula. Você, Danilo, é candidato de Paulo Câmara, o pior governador da história de Pernambuco. Vocês estão aí há oito anos e não aprenderam a retomada que houve em Pernambuco nos governos de Eduardo. E hoje querem apresentar que novo projeto? Não se esconda porque eu vou lhe chamar para o debate, tenha certeza disso”, disparou o prefeito.

Alçado à posição de candidato a governador pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), Anderson só mencionou o militar da reserva – sempre de forma cordial – quando perguntado diretamente sobre ele. Na entrevista, no entanto, por várias vezes o gestor frisou que durante a campanha se colocará como o postulante pernambucano “anti-Lula e anti-PSB”.

“Eu não tenho medo de me posicionar. O meu posicionamento está claro para todo mundo. Eu sou contra o PSB, contra esse governo que está aí. Eu sou anti-Lula. Isso está claro, as pessoas percebem isso pelas bandeiras que eu defendo. Diferentemente da turma de lá, do PSB, que são como um camaleão, se modificam pela conveniência. Eu vi, há um ano, o João Campos chamar Lula de Ladrão, agredir a candidata do PT e agora o candidato do PSB diz que é o candidato de Lula. Eles já apoiaram Aécio (Neves, PSDB). Isso é surreal, é abusar da sabedoria do povo pernambucano”, cravou Anderson.

Depois de ter se lançado candidato ao lado de Bolsonaro, a postura de Anderson na eleição de 2020, inclusive, passou a ser questionada por apoiadores mais radicais do presidente. Naquela ocasião, quando Marília Arraes (PT) enfrentou João Campos (PSB) no segundo turno, o prefeito de Jaboatão apoiou publicamente a campanha da petista.

Hoje, Anderson declarou que tomou o lado da deputada federal porque, naquele momento, acreditou ser importante apoiar um nome contrário ao PSB para a prefeitura da capital. “Na eleição do Recife, no primeiro turno, o nosso partido apoiou Mendonça Filho. No segundo turno, a cidade do Recife escolheu dois candidatos de esquerda e muitos não quiseram apoiar Marília e eu disse que daria meu apoio a ela porque queria que o PSB saísse da prefeitura. Mas todo posicionamento firme agrada a uns e desagrada a outros, mas a atitude mais incoerente é quando você não se posiciona. Eu não me posicionei apoiando o PT, me posicionei apoiando a Marília”, declarou.

Sobre os rumores de que não teria uma boa relação com o ministro Gilson Machado, que disputará o Senado na mesma chapa que ele, Anderson afirmou que tudo não passa de especulação. “Eu sempre tive uma boa relação com Gilson, ele é meu senador, está na minha chapa. E eu tive a honra de, ao receber a convocação do presidente, Gilson estar ao meu lado. Até almoçamos juntos hoje”, afirmou o prefeito.

Desafio

Às vésperas da sua despedida da gestão municipal, Anderson Ferreira diz que deixa Jaboatão com a sensação de missão cumprida e fala que está pronto para encarar o desafio de uma disputa estadual.

“Eu sou um jovem inquieto, procuro sempre novos desafios. Entrei na política em 2010, disputando o meu primeiro cargo, de deputado federal, e esse era um desafio tremendo. Nós ganhamos a eleição, consegui aprovar o Estatuto da Família, que me deu uma visibilidade nacional, e quatro anos depois fui reconduzido à Câmara Federal com três vezes mais votos do que eu tive na primeira vez. Dois anos depois eu tive o desafio de disputar a eleição para prefeito de Jaboatão, cargo para o qual fui reeleito. Tudo isso porque eu entrei na política acreditando que ela é uma ferramenta fantástica de transformação”, disse o pré-candidato

Por Renata Monteiro/JC