O presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), cancelou o evento em que o partido declararia apoio formal à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República. A decisão foi tomada depois de ele ter sido vaiado por militantes petistas em encontro de Lula com sindicalistas nesta 5ª feira (14.abr.2022).
O Solidariedade pretendia declarar o apoio formal em 3 de maio. A ideia era que seus principais caciques participassem do ato de lançamento da chapa de Lula e do vice Geraldo Alckmin (PSB) em 7 de maio já como aliados. Paulinho da Força diz, no entanto, que a sigla não estará mais presente.
“Sou especialista nessas coisas. Diz que está tudo bem aqui e manda seus amigos lá embaixo vaiarem. Nossa relação com o PT não está boa. Precisamos fazer uma discussão mais séria sobre o que o PT quer. Se não querem apoio, só avisar, que a gente não fica perdendo tempo”, disse.
Paulinho participou do encontro de Lula com as principais centrais sindicais do país. Ele não chegou a discursar, mas quando seu nome foi mencionado por outras pessoas, houve vaias. Ele foi um dos principais adversários do PT quando o partido estava no governo e votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.
O Poder360 perguntou ao deputado se ele avalia que o apoio ao impeachment de Dilma anos atrás poderia ter motivado as vaias. Ele disse que a hostilidade poderia, sim, ter vindo “desse povo que não esquece o passado”.
“Pode ser desse povo que não esquece o passado, pode ser apenas que eles tentam hostilizar as pessoas para manter a hegemonia de um grupo ali. Mas eu só sei que, como era militante, não era espontâneo. Povo não se controla, mas militante, sim”, disse.
O deputado afirmou que ainda gostaria de apoiar a candidatura de Lula e disse entender que, para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua tentativa de se reeleger, é preciso ampliar as alianças para além da esquerda, com forças políticas de centro. “Na medida em que eles tratam a mim desse jeito, imagina como vão tratar os outros?”, questionou.
O deputado contou que informou à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na manhã desta 6ª feira (15.abr.2022) sobre o cancelamento do evento. Ela o telefonou em seguida. De acordo com Paulinho, a petista disse também ter ficado constrangida com as vaias. O deputado perguntou, então, por que ela não conteve os militantes. Ela teria respondido não ter tido essa ideia na hora.
O deputado também afirmou que a conversa que teve com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, nesta 6ª feira sobre poder apoiar Bolsonaro foi em tom de “brincadeira”. O site O Antagonista divulgou um áudio em que Nogueira convidava Paulinho a se aliar a ele no apoio à reeleição do presidente.
Em resposta, também divulgada pelo O Antagonista, o deputado diz que estaria “começando a pensar em aderir a esse blocão aí”.
“Ciro é um grande amigo que tenho há muito tempo. Independentemente de governo, somos muito amigos. Foi meio de brincadeira que ele me chamou e eu respondi também brincando”, disse o deputado ao Poder360.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, conhecido como Juruna, descartou a possibilidade de rompimento com Lula e o PT neste momento, mas ressaltou que o partido precisa “saber como tratar seus aliados”.
“Creio que é mais pressão. Rompimento não. A direção do PT tem que dar aula de aliança aos seus filiados, saber como tratá-los”, disse. Paulinho é presidente de honra da entidade
Poder 360
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