Neste domingo, 2 de outubro, 156,4 milhões de brasileiros vão às ruas exercer a cidadania na nona eleição direta (consecutiva) do País. O voto é a renovação do compromisso com a democracia e o momento de depositar, nas urnas, as apostas para o futuro do Brasil nos próximos 4 anos.
Em Pernambuco, 7 milhões de eleitores vão decidir se mantêm no poder o grupo liderado pelo PSB ou se promovem uma ruptura neste ciclo político, que perdura há 16 anos. Esta eleição para governador traz fatos novos, como o grande número de candidatos no páreo, nomes estreantes na disputa, mais mulheres e perfis jovens.
Marília Arraes (Solidariedade), Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (União Brasil), Danilo Cabral (PSB) e Anderson Ferreira (PL) prometem esquentar o clima das eleições, com uma disputa acirrada para conquistar vaga no segundo turno. Desta vez, a eleição em nada se parece com o pleito morno de anos anteriores.
Passada a euforia das urnas, é hora de planejar a reconstrução. O Brasil precisa enfrentar um cenário de caos fiscal, baixo crescimento econômico, fome, inflação, juros altos, desemprego e necessidade de recuperar a confiança do investidor.
Em território local, o governador eleito vai encontrar déficit em muitas áreas. Nos 8 anos da gestão Paulo Câmara (PSB), além da crise econômica de 2015-2016 e da pandemia da covid-19 (2020 e 2021), ele optou por ser uma espécie de “governador-auditor”, preocupado em organizar as finanças de Pernambuco, mas abrindo pouco o caixa para investir.
O resultado é o que se vê hoje na prática. O teto caindo no Hospital da Restauração (HR) é o retrato do sucateamento dos equipamentos de saúde. A cobertura de atenção primária à saúde aquém do ideal e a superlotação nos hospitais são outros problemas.
As estradas no ranking das piores do País e o caos no metrô resumem o desacerto na mobilidade. Pernambuco tem a quarta maior malha rodoviária do Nordeste, com 12,5 mil quilômetros de rodovias. Embora a gestão do PSB (desde Eduardo Campos) tenha investido cerca de R$ 4 bilhões, ainda existe um déficit enorme para zerar. O metrô é outro desafio. Embora seja gerido pelo governo Federal, o Estado não pode deixar o sistema como está, com constantes paralisações de trens e atos de vandalismo.
Na educação, quem assumir o comando do Estado, a partir de 2023, terá que colocar, como prioridade na agenda educacional, a melhoria da qualidade do ensino. Pernambuco é uma das referências, no País, na política de educação integral para o ensino médio mas precisa avançar nos índices de aprendizagem, que são baixos. A taxa de analfabetismo, por exemplo, continua alta, quase o dobro da brasileira.
A interferência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no déficit carcerário de Pernambuco escancara nacionalmente uma ferida histórica na gestão do PSB. O Estado que criou o Pacto pela Vida também precisa reestruturar as ações de segurança para conseguir cumprir a meta de redução de 12% na taxa de homicídios por ano. O crescimento silencioso do tráfico de drogas é outro problema que merece atenção. Pelos dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), 70% dos assassinatos no Estado têm relação com o tráfico.
Diminuir a sensação de insegurança entre a população é outro ponto. Embora os chamados crimes contra o patrimônio venham diminuindo, Pernambuco ainda está entre os dez Estados do País com maior número de roubos por 100 mil habitantes.
Na gestão da água, o governo não conseguiu concluir todas as adutoras prometidas nem as obras das barragens. Em algumas cidades do Estado, a população convive com até 60 dias sem água nas torneiras. Se não tem água, a situação do saneamento é ainda pior. Apenas 30% dos pernambucanos têm acesso a esgoto tratado.
O desemprego, a informalidade, a pobreza, a fome e a desigualdade são desafios que precisam entrar de imediato na agenda do novo governador. O Estado foi campeão do Brasil em crescimento da pobreza, é o número 1 em desigualdade social e ocupa sempre o primeiro ou segundo lugar na taxa de desemprego do Brasil. Em Pernambuco, mais de 2 milhões de pessoas passam fome. Com esse número, o Estado se posiciona em quinto lugar no Mapa da Fome do Nordeste, liderado por Alagoas e seguido por Alagoas, Piauí, Ceará e Maranhão.
Sem correção nos rumos, Pernambuco poderá estagnar seu desenvolvimento econômico e social. Atualmente, apesar de ser o décimo Estado mais rico do País, com um PIB de R$ 197,9 bilhões, em 2019, segundo o IBGE, é também o mais desigual. É como ter um bolo grande, mas não dividir igualmente
Por Adriana Guarda/JC
Visitas: 21744911
Usuários Online: 1