Com a votação do candidato a governador Danilo Cabral, que termina o primeiro turno em quarta posição, o PSB se despede do comando de Pernambuco após 16 anos, punido pelo eleitor que entendeu que o partido já não entrega uma proposta de governo minimamente aceitável.
É importante destacar que a responsabilidade não é do candidato. Danilo Cabral foi para a eleição cumprir uma missão escolhida pelo partido como última opção numa lista onde os inscritos tinham em comum a absoluta falta de votos e de não serem uma liderança estadual. Alguns deles, inclusive, ameaçados de não se reelegerem.
A decisão do eleitor tem a ver com as entregas que o partido vem fazendo nos últimos anos, onde o que começou com Eduardo Campos, há 16 anos, apresentando uma perspectiva de crescimento chamado em alguns anos em “ritmo de China” acabou nos recolocando no Mapa da Fome e um dos estado brasileiros onde a pobreza mais avançou após a pandemia do coronavírus.
E por que o eleitor decidiu colocar em Danilo o recado de que está na hora de o PSB deixar o comando do Estado?
Porque percebeu que o modelo de gestão liderado por Paulo Câmara não tem perspectiva.
Seja como proposta de gestão de questões como segurança alimentar, seja como proposta de segurança pública, seja como modelo de assistência à saúde.
Isso para não falar na mediocridade em termos de construção de uma infraestrutura que o PSB impôs um conceito entre os pernambucanos de como não fazer.
Nos últimos anos, Paulo Câmara – que precisou cuidar em seis dos seus oito anos de governo apenas na missão de pagar as contas de Eduardo Campos – não se apresentou como autor de um projeto de médio ou de longo prazo capaz de levou o eleitor a apostar em qualquer opção que não fosse o seu grupo. Na verdade, ele como líder do Governo sequer pôde se apresentar junto ao eleitor.
É importante lembrar que quando Eduardo Campos esteve no governo, além da capacidade investir com recursos próprios, pôde agregar um pacote de transferência voluntária da União e mais ainda os empréstimos (em dólar) feitos junto ao Banco Mundial e ao BID. Isso foi o que lhe partiu montar a toque de caixa de um pacote de investimentos que, 16 anos depois, simplesmente não é percebido pelo eleitor como estruturador.
Na verdade, o modelo econômico do PSB vem se resumindo a pagar servidor, construir e administrar hospital em que isso seja percebido como uma assistência à saúde de qualidade, embora o estado tenha a maior rede de hospitais especialmente os seis que foram desenhados nos governos Eduardo Campos.
Do ponto de vista de proposta de longo prazo, o PSB simplesmente não apresentou nada. Se um investidor perguntar a representantes do Governo de Pernambuco qual o objetivo do Estado de longo prazo, o máximo que um gestor vai dizer é consolidar a Suape posição como hub de transporte marítimo, que projeta ser um ramal da Transnordestina e ser um centro de produção de hidrogênio verde embora não haja concretamente um projeto amarrado.
As dificuldades no campo social – que inclui graves problemas – como o nível de aumento de famílias pernambucanas abaixo da linha de pobreza, persistência de níveis de homicídios, uma situação dramática no sistema carcerário e quadro de fragilidade alimentar se sobrepuseram de modo que o cidadão simplesmente decidiu apostar em outros caminhos.
Se bem que não tenha qualquer proposta mais consistentes das duas candidatas que passaram para o segundo turno.
Mas o recado está dado. O PSB está sendo dispensado da gestão de Pernambuco por não oferecer perspectivas de futuro. Sem Eduardo Campos, o PSB ficou sem rumo.
Os representantes do Governo de Pernambuco podem dizer. Paulo Câmara está entregando ao sucessor um estado equilibrado, com capacidade de alavancagem de R$ 7,4 bilhões em 2023 e 2024 suficientes para que o novo governador desenhe um projeto de desenvolvimento de forte impacto.
Podem. Mas a questão é: E por que com tanto dinheiro em caixa e capacidade de crédito o candidato do partido não conquistou o eleitor? Talvez porque simplesmente não tenha mostrado em que pretendia gastar.
No fundo, Paulo Câmara e sua equipe se mostraram gestores que podem gerir e até pagar as contas em dia. Mas não foram capazes de oferecer um projeto de onde Pernambuco quer estar.
Governar é desenhar sonhos. E o PSB perdeu essa capacidade.
AÍ o eleitor só se lembrou da dura realidade que vive há vários anos. No fundo, a votação de Danilo Cabral foi só a maneira de dizer: Chegou a hora de mudar. Porque para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve
Por Fernando Castilho/JC
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