Aliados da tucana Raquel Lyra vão reforçar a partir de hoje um movimento para que Lula não manifeste apoio a Marília Arraes, do Solidariedade, no segundo turno do governo de Pernambuco. Atuam para que o petista “não coloque o pé no estado” e, assim, garanta um respiro à candidata do PSDB, que descolada da polarização nacional teve 20,58% dos votos ante 23,97% da adversária.
Uma conversa sobre essa costura deve acontecer nesta quinta entre Lula e Tasso Jereissati, que já se movimentou em direção ao ex-presidente desde domingo.
A expectativa na campanha lulista é que o armistício possa entrar no cálculo como uma contrapartida ao apoio esperado ou já recebido de correligionários de Raquel, como o próprio Jereissati. E ainda como uma gentileza com o grupo de Simone Tebet, cuja aposta no estado era a ex-prefeita de Caruaru.
Além do grupo de Raquel, a neutralidade de Lula é incentivada nos bastidores por Humberto Costa. O senador mantém rusgas com Marília desde que ela deixou o PT, no início do ano, e tem dito a interlocutores que não subirá no palanque dela em nenhuma hipótese. Derrotado com a candidatura de Danilo Cabral no primeiro turno, o PSB também tem interesse em ver Lula em cima do muro para que a sigla possa, então, trabalhar a favor de Raquel, antiga filiada junto ao pai, João Lyra.
Do outro lado do cabo de guerra, Marília não dá trégua. Atua ela própria para atrair Lula e o partido dele, esvaziando Raquel, enquanto tenta diminuir a fervura da relação com Humberto. O argumento do grupo dela é que Raquel estará inevitavelmente na contramão de Lula, apoiada por bolsonaristas. Esse discurso já surte efeito e atraiu a chamada Articulação de Esquerda, organização interna do PT.
Apesar das pressões desde o início da semana, direcionamentos de Lula sobre o cenário pernambucano só devem ser trazidos a público a partir de hoje. Em foco, até ontem, estavam as alianças nacionais com Ciro Gomes e Tebet
Por Lauro Jardim/O Globo
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