Os oito anos à frente do comando do governo de Pernambuco chegam ao fim para a gestão Paulo Câmara (PSB), que governou o Estado sob o peso da morte e da alta aprovação do padrinho político, Eduardo Campos. E, ainda, da lembrança do governo popular de Miguel Arraes.
Sob o recorte geral da mobilidade urbana, as gestões Paulo Câmara avançaram pouco. Muito pouco. Na verdade, o governador passou esses oito anos tentando resolver problemas e pendências variadas, muitas herdadas do governo anterior. Especialmente no transporte público coletivo urbano, que em Pernambuco é metropolitano e, por isso, de responsabilidade do governo estadual.
Méritos de Paulo Câmara no transporte público
Há méritos no setor, não há como negar, mas eles são pontuais e ficaram mais evidentes, infelizmente, já no fim do segundo governo, quando, apesar da pandemia, o Estado conseguiu destravar alguns projetos que passaram anos sendo gestados, como as concessões públicas dos terminais integrados e estações de BRT, e dos abrigos de ônibus. Tudo isso no último ano de governo ou, no máximo, fim de 2021.
Tem o mérito, ainda, de ter aumentado o subsídio do transporte público por ônibus, que começou em 2014, com o início de dois contratos de concessões públicas – MobiBrasil e Conorte -, e em 2022 chegou a R$ 300 milhões.
O que Paulo Câmara não fez
Por outro lado, a gestão Paulo Câmara não conseguiu concluir a licitação do restante das linhas de ônibus, que até hoje são operadas por empresas permissionárias (sem contrato licitado) e representam 70% do sistema da RMR.
Deixou o projeto – elogiado pelas inovações apresentadas – quase pronto para ser licitado, mas não conseguiu executá-lo como aconteceu com as concessões dos terminais, estações de BRT e abrigos de ônibus. Por isso, o risco de não ser continuado pela governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) existe.
Apesar de a proposta ter credibilidade por ter sido desenvolvida pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) – referência nacional no setor de transporte – e coordenada pela equipe de parcerias estratégicas da Secretaria de Planejamento de Pernambuco (Seplag).
Grande Recife Consórcio sem força
Profissionais ouvidos pela Coluna Mobilidade, todos em reserva, apontam outra grande falta da gestão Paulo Câmara: o total esvaziamento técnico do órgão gestor do sistema de transporte público, o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), que teria virado um órgão quase figurativo, com poder e controle bastante reduzidos.
Esse, avaliam, seria o grande erro da gestão porque o CTM – que substituiu a antiga EMTU – era e deveria ter continuado a ser a alma e o cérebro do transporte público da RMR.
Rodovias de Pernambuco
É o que as gestões Paulo Câmara mais têm a mostrar. Apesar de não ter avançado com o tão esperado e polêmico Arco Metropolitano, está alargando a BR-232 na saída do Recife e investiu, dentro do Plano Caminhos de Pernambuco (depois inserido no Plano Retomada), R$ 2 bilhões na recuperação de quase 2 mil quilômetros de rodovias.
Segundo balanço da Secretaria de Infraestrutura de Pernambuco (Seinfra), até o fim da gestão tinham sido concluídas 47 obras, totalizando 1.065 quilômetros de rodovias, e outras 53 estão em andamento (mais 625 quilômetros).
Ao todo, os investimentos contemplam 1.690 quilômetros de estradas, com obras de implantação e reconstrução, em todas as regiões. As ações geraram mais de 20.400 empregos desde o lançamento do programa
Por Roberta Soares/JC
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